Palavras do Rabino Pablo Berman

12 de abril de 2024

Parashat Tazria, Pessach Ba


שמחה רבה, שמחה רבה,
אביב הגיע, פסח בא!
שמחה רבה, שמחה רבה,
אביב הגיע, פסח בא!

תפרו, תפרו, תפרו לי בגד עם כיסים.
מילאו, מילאו, מילאו כיסי באגוזים.

שמחה רבה...

שאול אשאל, שאול אשאל ארבע קושיות
שתה אשתה, שתה אשתה ארבע כוסות.

שמחה רבה...

וכוס גדולה, וכוס גדולה אימי תביא
לאליה לאליהו הנביא.

שמחה רבה...

הלואי יבוא, הלואי יבוא, הלואי יסור
יראה אותי, יראה אותי כל כך הדור

Muita alegria, que alegria imensa, A primavera chegou, Pessach está aqui!  Pessach já está conosco. 
Costure, costure, costure para mim um vestido com bolsos. Encha, encha, encha os bolsos com nozes. 
Que alegria imensa, A primavera chegou, e Pessach já está conosco.
Vou perguntar, vou perguntar as quatro perguntas, e vou beber, vou beber quatro copos. 
Que alegria imensa, A primavera chegou, e Pessach já está conosco 
E um grande copo, e um grande copo, minha mãe trará para Eliahu, o profeta. Para Eliahu Hanabi. 
Espero que ele venha, espero que ele venha, espero que ele venha logo, 
Para me ver, tão bem-arrumado, tão bonito. 
Esperamos a Eliahu Hanavi. Geração após geração, mantemos a esperança que a redenção possa alcançar-nos, em nossa geração. Eliahu Hanavi, chega em Pessach, porque em Pessach aconteceu a libertação, porém, em Pessach também deve acontecer a redenção. Mas, também Eliahu Hanavi nos visita em cada fim do Shabat, e em cada Brit Mila. Tem determinados momentos quando em nossos rituais, a redenção se aproxima, ou pelo menos sonhamos que alguma coisa acontece. Algo de aquela redenção futura, e talvez distante, se aproxima. Lembramos histórias que nos conformam como Povo Judeu, (saída do Egito, Brit Mila) e através de ancorar no passado, nós projetamos ao futuro.
Essa música é uma das mais tradicionais que cantamos em Pessach em família, pertence ao que se conhece como música "amami", música do povo, música que o povo se apropriou, que se fez parte do povo, porque em apenas algumas estrofes, a poetisa Bilhá Yafeh, nascida em 1891 na Lituânia e faleceu em Israel no ano 1961, consegue trazer todos os elementos que dão vida à festa de Pessach. 
A alegria e a esperança da primavera, do renascer, da vida que volta a desenvolver. A alegria das crianças enchendo seus bolsos com nozes, como símbolo da abundância. As 4 perguntas do Ma-Nishtana, e os 4 copos da mesa do Seder de Pessach. E, por último a redenção, a chegada do Profeta que anuncia que os tempos da paz, e da redenção do Povo Judeu estão aí na porta da casa. 
Ontem a Justiça Argentina declarou após 30 anos (!) (30 anos, sem vergonhas, cínicos e hipócritas) que o Irã é um estado terrorista, e que eles mesmos foram os que voaram em pedaços a AMIA em Buenos Aires, no ano 1994, assassinando 85 seres humanos. No jornal argentino aparecem umas 8 fotos da época dos funcionários da embaixada do Irã, e eu pensava, são o Mal. Demônios. 
Na história sempre nos coube o pior inimigo. É difícil acabar com o mal, de fato o mal não acaba, só muda de máscara. Estamos vivenciando isso. Aguardando por essas horas a ver o que vai fazer o Irã e seus sequazes assassinos. 
E nós. Nós, além de termos o privilégio de viver em um capítulo da história que tem um Estado de Israel, e um exército que não se amedronta por nada, nós aguardamos a redenção. Após 3500 anos que nossos ancestrais abandonaram a escravidão egípcia rumo à Terra de Israel, continuamos sentando em família em volta de uma mesa e dizemos "Ma Nishtana Há Laila Haze", por que esta noite é diferente de todas as outras noites? Por que é diferente? Por muitas causas é diferente. Esse ano será muito mais diferente que outros anos. 
Porque 133 dos nossos irmãos permanecem naquele inferno e 604 chaialim deram as suas vidas por todos nós, desde o início da guerra. A noite de Pessach será muito diferente para todos. Ser judeu não é um fato biológico, mas sim um fato histórico-espiritual. 
O judaísmo nasceu há 4500 anos e ao longo da história tem sido um conglomerado de diversos grupos atraídos pela ideia de que há uma força criadora do universo (Deus), que a criação (Gênesis) não é algo que aconteceu apenas uma vez no passado, mas continua acontecendo no presente, que Deus está envolvido na criação porque também impulsiona a Gueula, a redenção, e nos convida, seres humanos, a participar tanto no processo de Criação como no de Redenção. 
Por mais coerência intelectual que estas palavras possam ter, não deve ser esquecido que a dimensão do Mistério é maior do que aquilo que é abarcado pela razão. Por isso, os relatos e lendas da nossa Tradição Judaica transmitem o valor e o significado do que aconteceu e têm relevância perpétua. A história registra dados, a tradição transmite significados. Enquanto os inimigos transmitem a morte, nós, povo judeu, transmitimos vida e significado.